segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

(re)Volta às aulas

Show do Roger Waters, Estádio do Morumbi, São Paulo, SP, 01/04/2012
"We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teacher! Leave them kids alone!
All in all it's just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall" - trecho de "Another brick in the wall, part two", Pink Floyd.


Voltaram as aulas, já é Carnaval, o clima ainda é de férias, mas como evitar o desânimo de crianças e adultos, quanto ao retorno aos estudos?
Como reduzir a "reVolta às aulas"?  É preciso uma rEvolução.

Com mais de meio milhão de estudantes tirando nota zero na redação no ENEM, parece-me que temos feito algo de mal no nosso processo de ensino.

Vai-se dizer que é só no sistema público, mas para mim, está em quase todo o lugar.  E esse processo de ensino, contamina o sistema como um todo, que se retroalimenta. Assim temos anúncios que também tirariam zero em redação, além de dublagens, traduções, novelas e desenhos animados. Como contou-me um colega, funcionário de uma multinacional, nos processos seletivos em sua empresa, os candidatos precisam ser bilíngues, fazem prova de redação em inglês e português, e a grande dificuldade está em encontrar profissionais que escrevam bem em nosso idioma (pasmem!!!).

Mas estudamos gramática na escola para quê? Estudamos análise sintática, pronomes, substantivos, verbos etc. assim como estudamos a fórmula de Bhaskara: para a prova! Porém, com uma diferença. No caso da matemática, isso será valorizado e nos parecerá útil. Pena que, da mesma forma que no ensino da gramática, não ensinaram o valor daquele conhecimento e para que ele servia -- do inglês ensinaram que vale uma melhor emprego --, ou seja, para que servia a análise sintática e como você, no mundo real, identifica uma equação de segundo grau, para aplicar um conhecimento que se foi altamente capacitado -- quem não lembra da fórmula?. O mesmo vai acontecer com muitas, para não falar todas, as matérias, salvo a intervenção de um mestre , em dar significado ao aluno e mostrar o quão útil e valiosa é aquela informação. Um significado maior que a nota da prova, seja ela da escola, do ENEM, vestibular ou faculdade.

De acordo com o Prof. Pierlugi Piazzi, o maior problema dos alunos não está na aplicação de fórmulas para resolver um problema, mas em entender o seu enunciado. Não conseguem distinguir a diferença entre "reduzir a solução em 5%" e "reduzir a solução a 5%".

Além do mais, penso que precisamos entender o conhecimento como um todo, como uma teia, uma mandala, onde todos se interligam. A fragmentação ajuda para explicar, mas fazer uma amarração é fundamental. Afinal, a maçã cai na prova de física e de biologia por razões diferentes! 

Devemos buscar um ensino que dê significado e mantenha sua vontade de aprender e não deixar a as áreas de humanas em segundo plano. 

Há muito para aprendermos a ensinar. Que tal aprender com a Finlândia.